Sempre que eu viajo, preparo meu mapa gastronômico com meses de antecedência e adoro fazer um tour pelos restaurantes e mercados de rua das cidades que irei visitar, para conhecer a gastronomia local e ter novas experiências. Com as comidas do Japão não foi diferente!
Entre algumas curiosidades, esquisitices, comidas boas e outras nem tanto, neste post, vou compartilhar com vocês algumas peculiaridades do Japão relacionadas à comida, que chamaram a minha atenção. No próximo mês, vou falar sobre os pratos típicos, as comidas mais exóticas que vi e também contar um pouco das minhas experiências nos restaurantes e mercados de rua!
Inclusive, essa é minha maneira preferida de entender alguns aspectos culturais do país que estou visitando. Sendo assim, minha viagem ao Japão não poderia ter sido diferente, já que eu queria conhecer de perto tudo o que a culinária japonesa tem para oferecer, além do sashimi que tanto amo.
Com esse espírito, tentei aproveitar ao máximo tanto a companhia do meu guia em Tóquio quanto a de uma amiga japonesa muito querida que esteve comigo em Quioto, para explorar comidas do Japão e também aprender um pouquinho sobre o que o japonês aprecia comer.
Uma coisa eu posso garantir para vocês: nunca comi tanto em uma viagem! Não que eu estivesse gostando de tudo que eu provava, mas sim pelo fato de eu nunca ter imaginado que a comida japonesa era tão extravagante. Fiquei realmente surpresa!
Doces de origem japonesa
Eu sou totalmente doceira, então já viu né? Não perco a oportunidade de provar um docinho, principalmente quando estou viajando.
Conhecidos como wagashi, os doces japoneses têm todas as cores e texturas que vocês podem imaginar. São lindos, feitos com muito capricho e têm uma apresentação impecável (principal motivo, inclusive, que me levou a querer provar todos que eu via pela frente!). As embalagens também são muito fofas!
A variedade de doces japoneses foi uma das coisas que mais me impressionou! São centenas de tipos e sabores, alguns sazonais, outros com edição limitada (como vários sabores do famoso Kit Kat), alguns específicos de determinadas regiões e outros que misturam ingredientes orientais e ocidentais.
Grande parte dos doces representam elementos da natureza e os ingredientes mais utilizados são o arroz, a farinha de arroz, a farinha de soja, o chá verde e o feijão (os japoneses fazem um doce pastoso de feijão cozido e açúcar que vira recheio de bolinhos e de inúmeras sobremesas).
Separei alguns exemplos para contar para vocês.
Dorayaki
Basicamente são duas panquecas adocicadas com mel e recheadas com o tal doce de feijão ou creme (não vi nem provei com outros recheios, mas, como no Japão tem de tudo, pode ser que tenha outras opções por aí). A panqueca é fofinha e gostosa, mas o recheio de doce de feijão realmente não me agradou muito…
Daifuku
Por fora, uma massa grudenta, feita de arroz cozido, com sabor suave e textura que parece um marshmallow mais grossinho. O recheio mais comum que vi era o de doce de feijão puro ou com alguma fruta, como esse da foto com morango (o que eu provei). Perguntei na lojinha e me disseram que tem outros sabores também, como chá verde, feijão branco, chantilly, etc.
Dorayaki
Daifuku
Dango
Muito famosos, são bolinhos de farinha de arroz cozidos, macios e viscosos, servidos no palito. Na massa, são adicionados vários ingredientes para dar sabor. Um dos recheios mais comuns era o tal do doce de feijão, rs!
Monaka
Um doce fofo que consiste em dois biscoitos em formatos super criativos e que, normalmente, são recheados com o quê? Geléia de feijão, kkkk! Mas como no Japão tudo se inventa, experimentei também o sorvete de matcha com o mesmo biscoito do monaka. Eu adorei esse sorvete!
Dango
Monaka
Taiyaki
Bem popular, tem um formato de peixe, a massa é semelhante a um waffle ou panqueca americana e o recheio varia, pode ser feijão, chocolate, creme ou até algo salgado! O doce é mais engraçadinho do que bom…
Nerikiri
Dá até pena de comer esses doces, de tão lindos! São moldados à mão, têm uma variedade de formatos incrível e são feitos de doce de feijão. A camada de fora é de feijão branco, o que torna possível tingir a massa de diferentes cores. Eu provei em duas ocasiões, em um menu degustação e na cerimônia do chá (que, aliás, é uma experiência muito legal!).
Taiyaki
Nerikiri
Comendo sushi no Japão
Eu sou apaixonada por sushi e sashimi e uma das maiores curiosidades que eu tinha era saber como se come sushi no Japão. Eu tinha uma breve ideia, já que, quando morei no Canadá, minha amiga japonesa me contou algumas coisas – ela, inclusive, ficou surpresa quando eu falei sobre como comemos sushi no Brasil – mas não sabia de tudo.
A primeira coisa que aprendi sobre as comidas do Japão é que o gengibre e o chá servem para limpar o paladar e a gordura entre um sabor e outro e é por isso que o chá verde é servido junto com o sushi.
Sobre o wasabi, aprendi que a função dele é esterilizar o peixe, você sabia? E eu ainda descobri que wasabi e raiz forte não são a mesma coisa! O wasabi verdadeiro é aquele que é aplicado durante a preparação do sushi e é bem mais suave que a raiz forte.
Agora, talvez você esteja se perguntando: tem jeito certo de comer sushi no Japão? Em regra, sim! Se for comer com hashi (palitinhos), você precisa virar o nigiri de lado e molhar somente a pontinha do peixe no shoyo (sem exagerar) e não o arroz – lá é quase pecado molhar o arroz no shoyo! Agora, se for comer com as mãos (no Japão, é liberado comer sushi com as mãos), antes de colocá-lo na boca, você deve virá-lo de lado para que o peixe encoste primeiro na língua e depois no arroz.
Na minha opinião, comer no balcão dos restaurantes japoneses é uma experiência muito mais prazerosa, não só para poder observar a execução de cada sushi e todos os detalhes, mas também para ter oportunidade de conversar com o sushiman (já que por lá isso também é liberado e tradicional).
Máquinas de venda
Ao pisar no Japão, muito provavelmente, uma das primeiras coisas que você vai ver são as máquinas de venda, mais conhecidas como Jihanki. Elas estão por todos os lugares, inclusive nos escritórios e locais de trabalho, para que os funcionários possam rapidamente matar a fome ou a sede.
Essas máquinas são sinônimo de eficiência e praticidade, já que a vida no Japão é muito corrida e os japoneses são totalmente workaholics. As máquinas vendem de tudo: bebidas, comidas (quentes e frias), sorvete, guarda-chuva, arroz, ovos, revistas, entre outras coisas. Inclusive, as embalagens das bebidas são uma atração à parte!
Nas ruas do Japão, você praticamente não encontra cestos de lixo, a reciclagem é um tema muito sério por lá. O tratamento dos resíduos não é uma escolha e sim uma regra (muito bem cumprida) – ainda mais quando falamos de médias e grandes empresas.
De modo geral, as empresas são obrigadas a reciclar e coletar o lixo gerado pela venda de produtos e o mesmo acontece com as empresas donas das máquinas de vendas. Muito legal isso, né?!
Portanto, se você usar as máquinas e não consumir os produtos imediatamente, vai ter que levar o lixo e, provavelmente, só vai conseguir se desfazer dele procurando outra máquina ou quando chegar onde está hospedado.
Comidas de plástico
Possivelmente alguma vez na vida você já teve a experiência de ir a um restaurante (mesmo no Brasil) e escolher um prato que achava que era uma coisa, mas veio outra, ou que achava que era de um tamanho e, na verdade, era de outro.
Pois é, no Japão, eles adotaram uma medida muito prática, que acabou se tornando um costume: há vitrines nas portas dos restaurantes com amostras de plástico, que são réplicas idênticas dos pratos disponíveis no cardápio. Eu achei isso muito interessante e, inclusive, me influenciou algumas vezes, para decidir qual prato pedir.
Pensa só: você, sem precisar falar uma palavra de japonês, saberá exatamente qual tipo de sushi vai vir no seu prato (já que lá tem opções bem exóticas) e quantas peças, o que virá no seu ramen, ou todos os acompanhamentos da sua sobremesa. Achei isso muito prático!
Meu guia me contou que as vitrines de comida começaram a ganhar popularidade nos restaurantes japoneses na década de 30. Durante o crescimento econômico, no pós-guerra, a concorrência entre os restaurantes aumentou. Assim, além de usar as réplicas de comida para atrair clientes, os donos dos locais tinham em mente também uma população crescente de estrangeiros no Japão.
Como as réplicas fazem parte da cultura de artesanato no Japão, há vários profissionais que oferecem workshop para japoneses e turistas interessados em aprender a fazer estes pratos que são uma verdadeira obra de arte! Inclusive, podem ser comprados pelos turistas em lojas especializadas.
Maid cafés
Restaurantes temáticos no Japão não faltam e, apesar de muitos terem virado atração turística, a maioria ainda é frequentada por japoneses. Foi isso que me despertou o interesse em conhecê-los, mesmo eu não sendo muito fã desse tipo de local!
Os maid cafés representam uma grande parte da cultura japonesa otaku. São locais onde as garçonetes estão “fantasiadas”, em um cenário parecido a um desenho animado (infelizmente, não permitem tirar fotos do interior, no máximo da comida). E elas não estão lá apenas para servir os clientes, mas também para conversar, jogar jogos e cantar. O mais engraçado é que elas esperam que você cante junto!! rs
Em geral, no cardápio, estão disponíveis doces e sobremesas com misturas das mais estranhas, apesar de fofas! Na minha opinião, vale a pena ir a um destes cafés se você pretende vivenciar mais um aspecto da cultura japonesa otaku, mas não espere nada da comida – ela é bem enjoativa! A verdade é que eu achei muito legal ver como era um maid café com os meus próprios olhos!
Para entrar neste tipo de café, você precisa pagar um valor fixo (os que eu vi cobravam em torno de ¥600 a ¥800 por pessoa) e pode ficar, no máximo, 1h no local. É muito comum encontrar esses lugares no bairro de Akihabara, em Tóquio, mas também vi alguns em outros bairros e na cidade de Osaka.
Gostaram das minhas dicas de comidas do Japão?
Aproveite para me seguir no instagram @nataschajonov, onde dou várias dicas sobre minhas experiências de viagens!
Até o próximo post!
